domingo, 29 de agosto de 2010

Vende-se a natureza para preservá-la

No início da década de 80, alguns cientistas e produtores de filmes se interessaram cada vez mais em salvar as florestas tropicais úmidas, os recifes de coral e as criaturas que dependem deles. Reportagens e documentários sobre essas maravilhas naturais aumentaram o interesse do público em visitá-las. Pequenas empresas que davam apoio às necessidades dos cientistas e produtores de filme se expandiram para dar conta do afluxo de visitantes com consciência ecológica que queriam fazer turismo.

As viagens ecológicas logo ficaram populares, tornando o ecoturismo o segmento que cresce mais rapidamente no ramo do turismo. De fato, promover as maravilhas da natureza mostrou ser muito lucrativo. A jornalista Martha S. Honey explicou: “Em vários países, o ecoturismo tornou-se rapidamente o segmento que mais arrecada recursos externos, ultrapassando a exportação de bananas na Costa Rica, de café na Tanzânia e no Quênia, e de tecidos e jóias na Índia.”

Assim, o turismo deu um incentivo financeiro valioso na preservação de plantas e animais. Martha Honey observou: “No Quênia, estima-se que devido ao turismo um leão atraia lucros de uns 7 mil dólares por ano e uma manada de elefantes, 610 mil dólares.” Calcula-se que os recifes de coral do Havaí gerem uns 360 milhões de dólares por ano devido ao turismo ecológico.

A explosão do turismo no século 20

Lamentavelmente, a familiaridade cada vez maior com os estrangeiros, promovida pelo turismo, não impediu o irrompimento de duas guerras mundiais na primeira metade do século 20. Em vez de arruinar o turismo, porém, as mudanças sociais e os avanços tecnológicos gerados por essas guerras na verdade aceleraram seu crescimento.

As viagens aéreas se tornaram mais rápidas e baratas, as rodovias se estenderam pelos continentes e os veículos a motor multiplicaram-se. Nos meados do século 20, férias e viagens turísticas tornaram-se parte da cultura do Ocidente e eram acessíveis à maioria das classes sociais. Além disso, milhões de famílias adquiriram aparelhos de TV e ficaram fascinadas pelas imagens de lugares exóticos, estimulando seu desejo de viajar.

No começo da década de 60, o número de turistas internacionais chegou a 70 milhões por ano. Em meados da década de 90, esse número subiu rapidamente para mais de 500 milhões! Surgiram resorts em todo o mundo para atender às necessidades dos turistas nacionais e internacionais. Visto que os turistas consomem grandes quantidades de alimento e bebida e gastam dinheiro com muitas outras mercadorias e serviços, várias indústrias não relacionadas diretamente com o turismo se beneficiaram.

Atualmente, o turismo é importante para a economia de mais de 125 países. Um comunicado em 2004 da Organização Mundial do Turismo, da ONU, destacou que a criação de pequenas e médias empresas relacionadas com o turismo pode aliviar a pobreza. A geração de novos empregos pode suscitar uma “consciência ambiental, cultural e social”.

Mas talvez se pergunte: ‘Como o turismo pode ter esses efeitos? E como pode beneficiar o meio ambiente?’

A era de ouro do turismo

No Ocidente, as sementes da moderna indústria do turismo foram lançadas principalmente no século 19. À medida que a Revolução Industrial engrossava as fileiras das classes médias na Europa e nos Estados Unidos, um número crescente de pessoas percebeu que tinha dinheiro e tempo para viajar.

Além disso, os meios de transporte coletivo passavam por grandes avanços. Locomotivas potentes puxavam vagões de passageiros, e enormes navios a vapor transportavam as pessoas entre os continentes. Para cuidar das necessidades do crescente número de turistas, grandes hotéis surgiam perto de terminais ferroviários e portos.

Em 1841, o empresário inglês Thomas Cook, percebendo o potencial de combinar transporte, acomodação e divertimento em lugares atrativos, foi o primeiro a criar o pacote turístico. “Graças ao sistema fundado pelo Sr. Cook”, observou o estadista britânico William Gladstone na década de 1860, “classes sociais inteiras têm podido pela primeira vez viajar sem dificuldade a outros países, criando certa familiaridade que gera consideração e não desprezo”.

Atrações turísticas

Os que visitam essa ilha histórica geralmente querem ver o gato da ilha de Man. Esse animal diferente tem cara de gato, mas suas pernas traseiras são bem mais longas que as dianteiras, assemelhando-o a uma lebre. Além disso, o gato da ilha de Man não tem rabo. Apesar da origem do gato da ilha de Man ser obscura, sugere-se que, séculos atrás, marinheiros tenham trazido da Ásia para a ilha de Man filhotes de gato sem rabo, próprio daquele continente, e desenvolvido essa raça.

A corrida de motos do Troféu Turista da ilha de Man, realizada todo ano, também atrai os visitantes. O trajeto consiste em mais de 60 quilômetros das estradas principais. Na primeira corrida, realizada em 1907, a média máxima de velocidade era inferior a 65 quilômetros por hora. Atualmente, essa média é superior a 190 quilômetros por hora. Sem dúvida esse é um esporte perigoso e, ao longo dos anos, vários corredores já perderam a vida.

Os bondes puxados a cavalo ao longo do passeio, ou calçadão, da capital da ilha, Douglas, são uma boa lembrança do passado. Os 24 quilômetros da ferrovia de trens a vapor da ilha de Man, tudo o que restou da ferrovia de bitola estreita que originalmente atravessava a ilha, também evocam o passado. Há pouco mais de cem anos, a ferrovia elétrica da ilha de Man começou a operar, e alguns de seus bondes ainda sobem os mais de 600 metros até o topo do Snaefell, o pico mais alto da ilha.

Venha conhecer a ilha de Man

DO REDATOR DE DESPERTAI! NA GRÃ-BRETANHA

AONDE você iria para ver tubarões-frade? Um dos melhores lugares para isso é o mar da Irlanda, não muito longe da ilha de Man. Os turistas saem da ilha de Man — mais ou menos eqüidistante da Escócia, Inglaterra, Irlanda e País de Gales — para ver esses peixes dóceis, de 5 toneladas, alimentar-se de plâncton, sua comida exclusiva. Esse é “o lugar perfeito para o ecoturismo”, diz o naturalista nativo Bill Dale.

Como é a ilha de Man? Seus 570 quilômetros quadrados de vales verdes, pântanos, lagos, córregos, baías pitorescas, despenhadeiros e costa acidentada são habitados por 70 mil pessoas. Venha conhecer alguns dos tesouros dessa parte das ilhas Britânicas repleta de história.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Planeje Cabalmente Sua Viagem

Embora talvez seja emocionante decidir no último minuto fazer uma viagem à Europa ou ao Oriente, raramente isto é sábio. Planejar seu itinerário no exterior e organizar seus assuntos é algo que deve ser feito com semanas, senão com meses, de antecedência.
Agora é o tempo de planejar as coisas que deseja ver e fazer quando estiver no exterior. Muitos viajantes acham sábio alistar cronologicamente tais coisas num livrinho de viagem que levam com eles e consultam freqüentemente.
O que poderia anotar em seu livrinho de viagem? Poderia alistar o que deseja fazer em cada dia específico. Por exemplo, 28 de julho: Partida para o Aeroporto do Galeão às 18 horas; jantar no aeroporto. Partida do avião para Londres às 21 horas. 29 de julho: Londres. Visitar a filial da Sociedade Torre de Vigia. Comparecer à assembléia. 30 de julho: Visitar o Museu Britânico; o Palácio de Buckingham — Ver a “Mudança da Guarda” às 11,30 (diariamente); As Casas do Parlamento; Torre de Londres. (Isto, por certo, é pura sugestão. Seu livrinho de viagem deve ser mais pormenorizado, alistando alternativas no caso do mau tempo, demoras e outras circunstâncias imprevistas.) O ponto é não esperar até chegar num país para decidir o que deseja ver e fazer. Saber de antemão que lugares deseja ver e as coisas que deseja fazer é assegurar-se de uma viagem mais descontraída e interessante.
Quase todas as reservas de hotéis, para o teatro e para excursões devem ser feitas e pagas de antemão. Seu agente de viagens pode ajudá-lo a consegui-las. Leve consigo sempre suas passagens e recibos de pagamento de hotéis. Se quiser, poderá colocar sua passagem em seu livrinho de viagem na data em que o usará. Dessa forma, não lhe fugirá da memória tal compromisso.

Como viajar e apreciar a viagem

PELO menos cem milhões de estadunidenses viajam por prazer cada ano, e muitos viajam além da área continental dos EUA. Gastam cerca de NCr$ 120.000.000.000,00 em transporte, equipamento, alimentação, hospedagem e diversão. O mesmo desejo de viajar é compartilhado por pessoas e outros países, também.
No entanto, muitos turistas desejam fazer as malas e voltar para casa dias antes de terminar sua viagem programada. Usualmente, isto se dá por causa da frustração motivada pelas moedas estrangeiras, pelas línguas estrangeiras, pelos costumes, alimentos e pelas bebidas estranhas. Com muita freqüência, o viajante se torna suspeitoso de toda nota que lhe é apresentada. Às vezes é tapeado, mas, na maioria das vezes não está sendo. Muitos viajantes olham para seu troco em xelins, francos ou dracmas de forma atônita, quedando-se admirados se não os conta errado.
A maioria de tais mal-entendidos poderia ser evitada, caso o turista tivesse apenas tomado o tempo para aprender algo sobre o idioma e a moeda do país antes de ir até lá. Se o turista tiver um pouco de conhecimento de uma ou duas línguas estrangeiras, leva grande vantagem.
Esteja preparado para certa dose de demora, de confusão e de mal-entendidos, a menos que seja perito em línguas. Até mesmo na Inglaterra, é de se admirar que, com a mesma língua, haja tão marcante diferença entre o inglês do inglês mediano e o inglês dum estadunidense. Mas, isto talvez seja divertido, se considerado no feliz espírito de viajar e de descobrir coisas.
Não obstante, as viagens em 1970, como nos anos anteriores, serão uma das duas coisas: uma experiência profunda, rica e excelente, ou um desperdício de precioso tempo e dinheiro arduamente ganho. Muito depende do leitor, quanto a que experiência terá. Os verdadeiros valores dependem muito menos da quantidade de dinheiro que gastará do que no planejamento, na perspectiva e na madureza de seu julgamento.
Compreenda primeiro de tudo que o turismo é um negócio altamente preparado para obter tantos de seus dólares de férias quantos seja possível. Portanto, em certo grau, pelo menos, esteja preparado para gastar algum dinheiro.
Também, se estiver em posição de gastar algumas centenas de dólares para uma viagem ao exterior, saiba bem a razão para fazê-lo. Talvez seja um desejo de ver parentes, amigos, assistir a uma assembléia cristã, ou ver lugares de valor e interesse histórico. Uma vez que tenha estabelecido seu motivo ou seus motivos de viajar, então planeje cada passo cabalmente, tendo presente aquela idéia central. Se satisfizer tal desejo, considerará sua viagem bem digna de seu tempo e dinheiro.

Turismo sustentável

Alguns dos grandes benefícios do turismo atual produzem efeitos que ameaçam a sua continuidade. Essa é a razão de se ouvir cada vez mais a expressão “turismo sustentável”. É evidente, então, que alguns estão se apercebendo que, certas atrações turísticas lucrativas, apesar de trazerem benefícios em curto prazo, ameaçam ‘matar a galinha dos ovos de ouro’. Algumas dessas questões difíceis terão de ser resolvidas para que a indústria possa continuar.
O efeito do turismo no meio ambiente, o impacto nas culturas nativas, a compatibilidade dos alvos de resorts e de megaresorts, que só visam lucro, com os objetivos nacionais de países que recebem turistas — são assuntos que terão de ser conciliados no futuro. Nos últimos meses, questões ligadas à segurança estão onerando a indústria do turismo e com o tempo também deverão ser analisadas. Em longo prazo, o efeito que esses assuntos terão no crescimento do turismo atual ainda é uma incógnita.
Na próxima vez que decidir viajar e recarregar as energias em um resort bem longe, na certa dará mais valor a essa indústria global — o turismo nacional e internacional.

Qual É Seu Veredicto?

Então, qual é seu veredicto? A quem culpar — a Rússia ou os turistas? Sem dúvida deve caber ao turista, e não ao país, a maior parte da culpa. E provavelmente dá-se o mesmo com muitos outros que visitaram a Rússia ou outros países de diferenças culturais e governamentais. A verdade do assunto é que muitos viajantes, embora em outros sentidos bem preparados, talvez não estejam prontos para entrar em contato com um país estrangeiro. Assim, ao se preparar para a sua próxima viagem ao estrangeiro, pergunte-se: Quanto eu sei sobre as pessoas que vou encontrar, seu idioma e seus costumes? Talvez constate que embora sua bagagem esteja pronta, sua mente pode não estar.
Mas, talvez pergunte: “Existe realmente toda essa informação?” Sim, e de que maneira abundante! Por exemplo, se viajar à URSS, verificará que a Agência Intourist de Viagens, pertencente ao governo soviético e operada por este, têm representações na maioria dos países e se dispõe a ajudar no que for possível. Dela poderá obter dados oficiais sobre os últimos regulamentos, bem como outras informações úteis.
Guias de viagem para muitos países também existem em abundância e podem ser encontrados em muitas livrarias e bibliotecas. Por que não lê um deles sobre o país que você planeja visitar antes de viajar? Isto ajudará você a aproveitar bem as suas férias, evitar constrangimento desnecessário e mesmo ter que voltar para casa com um precioso rolo de filme confiscado!
Assim, da próxima vez que passar por uma experiência irritante ao excursionar no exterior, a quem culpará? O país ou a si mesmo? — Contribuído.

A Barreira Lingüística

É óbvio que a maioria desses acontecimentos jamais teriam ocorrido se eu conhecesse o idioma. Naturalmente, ninguém é obrigado a aprender o idioma antes de visitar a Rússia, ou qualquer outro país. Mas, se a pessoa tiver oportunidade, certamente é útil aprender o básico. Pelo menos, um livro de bolso com frases básicas deve ser indispensável. Você sempre contará com o recurso de apontar para as palavras, ao tentar comunicar-se.
A barreira lingüística foi a causa de algumas frustrações minhas na Rússia. Mas, por que culpar o país? É bom lembrar que as mesmas frustrações sentem às vezes os turistas que visitam o nosso próprio país.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Museus — Como Ingressar Neles

Estávamos agora em Leningrado, chamada por alguns de a Veneza do Norte. Foi ali que o primeiro governo soviético (da palavra russa que significa “conselho”) estabeleceu sua sede. Nossa visita ao Palácio de Inverno fez-me lembrar de que foi ali que reinou o último czar. Foi para mim uma experiência emocionante estar no exato local em que ocorreram alguns dos mais importantes eventos da história russa. Bem diante de nossos olhos estava um dos mais famosos museus de arte do mundo, o Ermitage, onde se pode ver quadros famosos de Da Vinci, El Greco, Ticiano, Rubens, Velázquez, Van Dyck, Rembrandt e outros. Mas, imagine nosso desapontamento quando soubemos que o Ermitage não estava incluído no nosso roteiro.

O mesmo se deu com a Catedral de Kanzansky, na Avenida Nevsky, agora convertida no Museu da História da Religião e do Ateísmo. Após indagar, descobrimos que poderíamos tentar visitar este último por conta própria. Certo dia fomos lá e nos deparamos com uma grande multidão querendo entrar. De vez em quando a porta abria e só alguns eram admitidos. Tentamos decifrar o sistema, mas desistimos, e finalmente entramos após ligeira discussão com o porteiro. Quem era culpado?

Numa conversa recente com um funcionário do governo soviético sediado em Nova Iorque, descobri que, mesmo que a visita aos museus seja concorrida, em certos dias, basta o estrangeiro mostrar seu passaporte ao porteiro e será admitido sem ter de ficar na fila, e às vezes até de graça. Lamentavelmente, quando estive na Rússia eu não sabia disso, e paguei o preço de não estar preparado para minha viagem a um país diferente. Honestamente, agora não vejo opção a não ser culpar a mim mesmo, o turista.

Normas Para Uso da Máquina Fotográfica na Rússia

Ao entrarmos no país, vindos da Finlândia, a primeira cidade soviética em que eu e meus amigos paramos foi Vyborg. Nós íamos entrar na estação ferroviária para descansar ou cambiar algum dinheiro. Mas, visto que esta era minha primeira oportunidade de ver o russo típico em seu ambiente, não resisti à tentação de tirar algumas fotos da multidão de pessoas que circulava na calçada.

Enquanto eu batia a foto, dois soldados, abrindo caminho entre a multidão, caminhavam em minha direção. No momento em que baixei a máquina, estavam bem à minha frente, mirando-a. Um deles apontou para ela e fez alguns gestos rápidos, bruscos. Era óbvio que queriam que eu abrisse a máquina, mas, visto que não foram específicos e não pronunciaram nenhuma palavra, fiz-me de rogado, tentando dissuadi-los. Eles simplesmente repetiram os mesmos gestos, desta vez mais firmes. Percebi que se impacientavam, de modo que abri a máquina, pensando que tudo o que queriam era expor o filme à luz. Eu esperava que pelo menos algumas fotos que eu já tirara escapariam à exposição. Que surpresa quando confiscaram todo o rolo de filme que eu havia usado nos dois dias anteriores!

Minha primeira reação foi culpar o país por este incidente. Mas, a quem cabia a culpa? Um pouco de pesquisa de minha parte antes de visitar o país teria sido suficiente para conhecer as normas russas sobre bater fotos. Ao viajar ao exterior, é bom ter em mente que muitos países proíbem tirar fotos em certos locais ou circunstâncias sensíveis. Certo guia para turistas, sobre a Rússia, diz explicitamente: “Não fotografe nada que seja claramente uma instalação ‘sensível’ — aeroportos, fábricas, instalações ou pessoal militares, prisões, entroncamentos ou estações ferroviários, . . . etc.” E ‘não fotografe pessoas sem antes lhes pedir permissão’. Portanto, ali estava eu tirando fotos de soldados numa estação ferroviária! A quem culpar por esta situação embaraçosa — o país ou o turista? Um pouco de leitura sobre os costumes e regulamentos locais me teria poupado do constrangimento. Mas, aguardavam-me mais surpresas.

A quem culpar — a Rússia ou o turista?

“JAMAIS visitarei de novo este país”, disse o homem sentado ao meu lado num teatro em Leningrado, URSS. Ele acabara de relatar algumas situações irritantes que enfrentou ao excursionar pela União Soviética, e culpava disso o país. Naquela ocasião concordei com ele, tendo eu mesmo passado por algumas experiências desagradáveis ali. Mas, na verdade, de quem era a culpa — do país ou do turista? Seja você o juiz.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Os benefícios de viajar

Nosso planeta é um lar encantador, exibindo constantemente suas maravilhas — pores-do-sol coloridos, céu cheio de estrelas brilhantes e uma variedade de vida animal e vegetal. Independentemente de onde vivamos, usufruímos essas e outras maravilhas de nosso lar terrestre. Como seria bom se tivéssemos a oportunidade de viajar e ver ainda outras maravilhas da Terra!

Embora se encantem com esses espetáculos, muitos turistas dizem que para eles o ponto alto das viagens é conhecer pessoas de culturas diferentes. Não é raro os turistas reconhecerem que tinham idéias negativas e equivocadas sobre outros povos. A viagem ajuda-os a entender pessoas de outras raças e culturas e a fazer amizades preciosas.

Muitos turistas aprendem a lição de que não são necessariamente os bens que tornam as pessoas felizes. O mais importante são os relacionamentos — rever amigos antigos ou fazer novos amigos. Uma passagem da Bíblia relata como o “humanitarismo” demonstrado pelo “povo de língua estrangeira” de Malta beneficiou os viajantes do primeiro século que eram náufragos ali. (Atos 28:1, 2) Visitar outros países e povos tem ajudado muitos atualmente a perceber que somos de fato uma família humana e que temos o potencial de viver juntos em paz na Terra.

Hoje, relativamente poucos podem viajar pela Terra. Mas o que dizer do futuro? Será que a maioria das pessoas, e por que não dizer todas, terão o privilégio de fazer tais viagens?

Impacto social negativo

Ao visitar países em desenvolvimento, turistas ocidentais relativamente abastados podem causar outros efeitos negativos sutis — e às vezes não tão sutis — nas culturas locais. Por exemplo, para facilitar sua estadia, os turistas em geral trazem seus objetos de luxo, com os quais os residentes locais talvez jamais sonhassem. Estes passam então a desejar tais objetos caros, mas não podem pagar por eles sem grandes mudanças em seu estilo de vida — mudanças que podem envolver comportamentos sociais prejudiciais.

Prevendo problemas futuros, Mak observou que o aumento do turismo pode “levar à perda da identidade cultural e comunitária, criar conflitos em sociedades tradicionais quanto ao uso de terras e recursos naturais que pertencem à comunidade e aumentar as atividades anti-sociais, tais como crime e prostituição”.

Geralmente, os turistas sentem-se livres de restrições e, por isso, se envolvem em atividades em que não se envolveriam se estivessem em casa entre a família e os amigos. Em resultado disso, a imoralidade dos turistas tem se tornado um problema com sérias conseqüências. Indicando um exemplo bem-conhecido, Mak disse: “No mundo todo, a preocupação com os efeitos do turismo na prostituição infantil tem aumentado.” Em 2004, a agência de notícias CNN relatou: “‘Estimativas confiáveis revelam a existência de 16 mil a 20 mil’ crianças vítimas do sexo no México, ‘principalmente na região de fronteira, e em áreas urbanas e turísticas’.”

Problemas ambientais

O grande volume de turistas atualmente tem causado problemas. “Na Índia, o Taj Mahal sofre desgastes por causa dos visitantes”, escrevem os pesquisadores Lickorish e Jenkins, e acrescentam: “No Egito, as pirâmides também estão ameaçadas pelo grande número de visitantes.”

Além disso, esses autores avisam que o turismo descontrolado pode matar a vegetação das reservas naturais ou impedir seu desenvolvimento por causa dos muitos visitantes que pisam nela. Ainda mais, as espécies podem ser ameaçadas quando turistas coletam itens como conchas raras e corais ou quando os nativos os recolhem, para vender aos visitantes.

A poluição causada em média por um turista é de 1 quilo de detritos e lixo sólido por dia, de acordo com estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Mesmo os lugares mais remotos parecem ser afetados. Um relatório recente da Rainforest Action Network diz: “Nas rotas turísticas populares do Himalaia, lixo tem sido espalhado ao longo das trilhas e a floresta está sendo dizimada pelos turistas que procuram combustível para aquecer comida e água para tomar banho.”

Ademais, os turistas em geral consomem uma quantidade desproporcional de recursos às custas dos habitantes locais. Por exemplo, James Mak escreveu em seu livro Tourism and the Economy (O Turismo e a Economia): “Os turistas em Granada consomem sete vezes mais água do que os residentes.” Ele continua: “Direta e indiretamente, o turismo é responsável por 40% de toda a energia consumida no Havaí, apesar de, em média, apenas 1 em cada 8 pessoas ali ser turista.”

Embora os turistas gastem muito para visitar países em desenvolvimento, a maior parte desse dinheiro não beneficia a população local. O Banco Mundial estima que apenas 45% da renda levantada pelo turismo fique no país de origem — a maior parte do dinheiro volta às nações desenvolvidas por meio das operadoras de turismo e hotéis internacionais.

O futuro do turismo

“Em quase todos os países do mundo, há exemplos de lugares onde o desenvolvimento do turismo tem sido identificado como o principal responsável pela degradação ambiental.” — An Introduction to Tourism (Introdução ao Turismo) de Leonard J. Lickorish e Carson L. Jenkins.

ALÉM de ser uma ameaça para o meio ambiente, o crescimento do turismo também pode contribuir para outros problemas. Analisemos brevemente alguns deles. Após isso, consideraremos as possibilidades futuras de fazer turismo por todo nosso encantador planeta e conhecer suas maravilhas, principalmente seus simpáticos habitantes.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

“A principal fonte de empregos do mundo”

Mais de 600 milhões de pessoas fazem viagens internacionais todo ano. Outras centenas de milhões viajam a negócios ou para descontrair-se dentro do país em que vivem. Por isso, a indústria do turismo — que inclui hotéis, resorts (estâncias turísticas), companhias aéreas, agências de viagens e outros serviços de apoio aos que viajam — é descrita como “a principal fonte de empregos do mundo”.

ESTIMA-SE que, no mundo todo, o turismo gere uns 4 trilhões de dólares por ano. Os turistas talvez não se considerem integrantes de um movimento mundial pela paz, mas é assim que a Organização Mundial do Turismo, da ONU, descreve a indústria do turismo. Em 2004, o secretário-geral da organização, Francesco Frangialli, declarou numa conferência presidencial no Oriente Médio: “Turismo e paz são inseparáveis. As forças desencadeadas pelo turismo são tão poderosas que podem mudar situações aparentemente irreversíveis e ocasionar reconciliações que parecem impossíveis.”

Quais são as origens da influente indústria do turismo? Sua influência é mesmo positiva? E podem “as forças desencadeadas pelo turismo” realmente trazer a paz?

O outro lado da questão

Ao viajar, já reparou que mesmo com o máximo de planejamento sempre surgem despesas não previstas? Os países que abrem as portas ao turismo estão chegando à mesma conclusão.

A “indústria do turismo pode beneficiar, e muito, a nossa sociedade em desenvolvimento”, comentou Pradhan, citado acima. Mas ele observou que, caso não sejam tomadas as medidas necessárias, “problemas sociais sem solução também podem surgir”. “[Nós] precisamos estar bem preparados, cientes dos vários impactos que o turismo atual pode causar.” Que problemas ele tinha em mente?

“A tradição e a cultura de países que recebem muitos turistas quase que inevitavelmente sofrem uma forte influência, não-intencional às vezes, que acaba afetando os costumes do país. Em alguns lugares a cultura do país não existe mais.” É assim que Cordell Thompson, um alto-funcionário do Ministério do Turismo das Bahamas, descreveu um dos efeitos colaterais do turismo. Não é que ele não aprecie todos os benefícios que o turismo trouxe para o seu país. Ele até os menciona com orgulho. Mas reconhece que viver em um país onde o número de visitantes sempre ultrapassa o dos nativos, ou representa a maioria da população, causa muitos outros efeitos não previstos.

Exemplo disso são os nativos que têm serviços relacionados com os turistas. Com o tempo, imaginam que o visitante nunca trabalha, está sempre de férias, o que não é verdade. Sem querer, acabam imitando esse estilo de vida imaginário. Outros nativos não são afetados assim. Mas pelo fato de passarem grande parte do tempo de lazer nos resorts, onde os visitantes se divertem, eles também mudam. Acabam deixando de lado os seus costumes, a tradição e a cultura do país, e adotando aos poucos o modo de vida dos turistas nos resorts. Mas com isso os centros comunitários da cultura nativa se desintegram e em alguns países até deixam de existir.

Muitos refúgios internacionais de turistas ficam entre duas forças opostas. Eles acolhem bem os rendimentos provenientes das hordas de turistas. Mas cambaleiam sob o peso dos problemas sociais gerados pelas indústrias criadas para satisfazer os turistas sexuais.

Nos bastidores de um resort

“Quando o hotel está lotado, com os 2.300 quartos ocupados, temos entre 7.500 e 8.000 hóspedes para satisfazer ao mesmo tempo”, disse Beverly. “Cuidar de todos os detalhes é uma tarefa imensa. Atender a todos os hóspedes requer organização semelhante à de quem governa uma pequena cidade, só que com mais desafios. Temos de ter alimentos a que estejam acostumados a comer em casa. Mas para tornar a estada deles inesquecível temos de oferecer também refeições com iguarias exóticas e opções inigualáveis de recreação. Em muitos resorts metade ou mais dos funcionários cuidam dos serviços relacionados com alimentação e bebidas.”

Mesmo assim, conforme I. K. Pradhan observou no seu ensaio “Impacto sociocultural do turismo no Nepal”, “entre todos os fatores que proporcionam genuíno prazer e diversão na viagem, o mais importante é o tratamento dispensado pelos nativos aos visitantes e a segurança que lhes é proporcionada”.

Como os resorts mais procurados no mundo conseguem elevar ao máximo a satisfação dos turistas nessas áreas? “Exige treinar, recompensar o bom desempenho, instruir e corrigir os funcionários — um empenho infindável para sempre garantir serviço de alta qualidade”, respondeu uma administradora que cuida do treinamento dos funcionários em um dos principais resorts nas Bahamas. “A maioria dos bahamenses é de boa índole. Mas não é fácil trabalhar sendo extrovertido, agradável e sorridente o tempo todo. É por isso que incutimos neles a necessidade de sempre encararem o serviço com profissionalismo assim como fazem médicos, advogados ou corretores de seguros. Nós nos atemos a padrões internacionais para todas as funções que envolvem o atendimento ao turista. Quanto mais trabalharmos em equipe para alcançar esses padrões, melhor e mais suave será o nosso nível de desempenho.”

As exigências atuais

No início, o turista internacional não era muito exigente. O fato de visitar um país estrangeiro era tão fantástico que não se exigia muita coisa — isso apesar das dificuldades de se viajar na época. Hoje, com a comunicação de massa é possível se conhecer lugares distantes vendo TV bem à vontade, sem sair de casa. Os resorts têm de se desdobrar para tornar a visita uma experiência inesquecível e ao mesmo tempo fornecer o conforto do lar ou muito mais. E como muitos turistas viajam com certa freqüência, a concorrência dos lugares turísticos no mundo é muito grande.

Em resultado dessa concorrência, vêm surgindo cada vez mais atrações turísticas e mais resorts extraordinários. Exemplo disso é um imenso hotel de luxo nas Bahamas. “A propriedade foi projetada para proporcionar férias inesquecíveis”, disse Beverly Saunders, diretora de desenvolvimento do hotel. “Mas nós não vamos parar por aí. O nosso alvo é que a interação do turista com os nativos também seja inesquecível.” Mas como os resorts atendem aos caprichos dos clientes?

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Nos bastidores de um resort

“Quando o hotel está lotado, com os 2.300 quartos ocupados, temos entre 7.500 e 8.000 hóspedes para satisfazer ao mesmo tempo”, disse Beverly. “Cuidar de todos os detalhes é uma tarefa imensa. Atender a todos os hóspedes requer organização semelhante à de quem governa uma pequena cidade, só que com mais desafios. Temos de ter alimentos a que estejam acostumados a comer em casa. Mas para tornar a estada deles inesquecível temos de oferecer também refeições com iguarias exóticas e opções inigualáveis de recreação. Em muitos resorts metade ou mais dos funcionários cuidam dos serviços relacionados com alimentação e bebidas.”

Mesmo assim, conforme I. K. Pradhan observou no seu ensaio “Impacto sociocultural do turismo no Nepal”, “entre todos os fatores que proporcionam genuíno prazer e diversão na viagem, o mais importante é o tratamento dispensado pelos nativos aos visitantes e a segurança que lhes é proporcionada”.

Como os resorts mais procurados no mundo conseguem elevar ao máximo a satisfação dos turistas nessas áreas? “Exige treinar, recompensar o bom desempenho, instruir e corrigir os funcionários — um empenho infindável para sempre garantir serviço de alta qualidade”, respondeu uma administradora que cuida do treinamento dos funcionários em um dos principais resorts nas Bahamas. “A maioria dos bahamenses é de boa índole. Mas não é fácil trabalhar sendo extrovertido, agradável e sorridente o tempo todo. É por isso que incutimos neles a necessidade de sempre encararem o serviço com profissionalismo assim como fazem médicos, advogados ou corretores de seguros. Nós nos atemos a padrões internacionais para todas as funções que envolvem o atendimento ao turista. Quanto mais trabalharmos em equipe para alcançar esses padrões, melhor e mais suave será o nosso nível de desempenho.”

As exigências atuais

No início, o turista internacional não era muito exigente. O fato de visitar um país estrangeiro era tão fantástico que não se exigia muita coisa — isso apesar das dificuldades de se viajar na época. Hoje, com a comunicação de massa é possível se conhecer lugares distantes vendo TV bem à vontade, sem sair de casa. Os resorts têm de se desdobrar para tornar a visita uma experiência inesquecível e ao mesmo tempo fornecer o conforto do lar ou muito mais. E como muitos turistas viajam com certa freqüência, a concorrência dos lugares turísticos no mundo é muito grande.

Em resultado dessa concorrência, vêm surgindo cada vez mais atrações turísticas e mais resorts extraordinários. Exemplo disso é um imenso hotel de luxo nas Bahamas. “A propriedade foi projetada para proporcionar férias inesquecíveis”, disse Beverly Saunders, diretora de desenvolvimento do hotel. “Mas nós não vamos parar por aí. O nosso alvo é que a interação do turista com os nativos também seja inesquecível.” Mas como os resorts atendem aos caprichos dos clientes?

Muitos países se abrem para o turismo

Na teoria, o turismo é um empreendimento que beneficia ambas as partes. O turista, o consumidor, foge da rotina, é bem servido, entretido ou instruído. Mas e o país visitado, o que ganha com isso? O turismo internacional põe moeda estrangeira nas mãos de países que, na sua maioria, dependem dessa moeda para importar mercadorias e serviços.

Na realidade, segundo um relatório da OMT, “o turismo internacional é a maior fonte de divisas do mundo e fator importante na balança comercial de muitos países. Em 1996, a receita do turismo internacional em moeda estrangeira foi de 423 bilhões de dólares, ultrapassando as exportações de petróleo e derivados, de veículos motorizados, de equipamentos de telecomunicações, de têxteis e de outros tipos de produtos e de serviços”. O mesmo relatório acrescentou ainda que “o turismo é a indústria que mais cresce no mundo”, representando “até 10% do PIB mundial”. Não é de admirar que os países em geral, inclusive alguns da ex-União Soviética, já tenham entrado, ou estejam ansiosos para entrar, na indústria do turismo internacional.

A receita pública acumulada proveniente do turismo está sendo usada para melhorar a infra-estrutura, elevar os padrões de educação e atender a outras necessidades nacionais prementes. Praticamente todos os governos querem aumentar a oferta de emprego para os cidadãos. E o turismo gera empregos.

Um bom exemplo do efeito que o turismo tem sobre a economia de um país são as Bahamas. É uma nação minúscula composta de ilhas que se estendem pela boca do golfo do México entre o Estado da Flórida, nos EUA, e Cuba. As Bahamas não dispõem de agricultura em escala comercial, nem de muita matéria-prima, quase nenhuma para ser exato. Mas o forte dessas ilhas é o clima quente, as praias tropicais de águas cristalinas, a população pequena (de uns 250 mil amigáveis habitantes) e o fato de se situarem próximas dos Estados Unidos. O conjunto de todos esses atrativos produziu a próspera indústria do turismo nas Bahamas. Mas o que é preciso oferecer para tornar as férias dos turistas agradáveis e seguras?

Turismo — Indústria global

Do redator de Despertai! nas Bahamas

LEMBRA-SE da última vez que disse a si mesmo: “Preciso tirar umas férias?” Com toda a certeza você não suportava mais as pressões e as cobranças do dia-a-dia e sentia necessidade de sair e recarregar as energias. Já viajou de férias para um lugar distante? Há pouco mais de um século, viajar a terras longínquas por puro prazer ou para fins educativos era prerrogativa de poucos — grupos seletos de aventureiros ou de endinheirados. A maioria das pessoas passava grande parte da vida em um raio de algumas centenas de quilômetros do lugar onde nasceu. Em compensação, hoje centenas de milhares têm possibilidades de viajar para todo lado, tanto no país de origem como pelo mundo afora. O que será que ocasionou essa mudança?

Após a Revolução Industrial, milhões de pessoas se puseram a fabricar mercadorias e a prestar serviços. Conseqüentemente, passaram a ganhar mais e a dispor de mais para gastar. Com o avanço da tecnologia foram projetadas máquinas que assumiram grande parte dos serviços que exigiam muita mão-de-obra. Assim, começou a sobrar mais tempo para o lazer. Sob essas circunstâncias, e com o surgimento, em meados do século 20, do transporte em massa a preços mais acessíveis, nada mais conteve as grandes enxurradas de turistas. Depois veio a indústria da comunicação de massa, possibilitando que em muitos países se recebesse dentro de casa transmissões por imagem de lugares distantes. Isso criou nas pessoas o desejo de viajar.

O resultado foi a explosão do turismo global. Segundo estimativas da Organização Mundial do Turismo (OMT), o número de turistas internacionais aumentaria de 613 milhões em 1997 para 1,6 bilhão até o ano 2020 — sem previsão de queda, na época. Essa movimentação acima do esperado veio acompanhada de um aumento correspondente do comércio, de novos resorts e de países que se abriram para o turismo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Turismo sustentável

Alguns dos grandes benefícios do turismo atual produzem efeitos que ameaçam a sua continuidade. Essa é a razão de se ouvir cada vez mais a expressão “turismo sustentável”. É evidente, então, que alguns estão se apercebendo que, certas atrações turísticas lucrativas, apesar de trazerem benefícios em curto prazo, ameaçam ‘matar a galinha dos ovos de ouro’. Algumas dessas questões difíceis terão de ser resolvidas para que a indústria possa continuar.

O efeito do turismo no meio ambiente, o impacto nas culturas nativas, a compatibilidade dos alvos de resorts e de megaresorts, que só visam lucro, com os objetivos nacionais de países que recebem turistas — são assuntos que terão de ser conciliados no futuro. Nos últimos meses, questões ligadas à segurança estão onerando a indústria do turismo e com o tempo também deverão ser analisadas. Em longo prazo, o efeito que esses assuntos terão no crescimento do turismo atual ainda é uma incógnita.

Na próxima vez que decidir viajar e recarregar as energias em um resort bem longe, na certa dará mais valor a essa indústria global — o turismo nacional e internacional.

O outro lado da questão

Ao viajar, já reparou que mesmo com o máximo de planejamento sempre surgem despesas não previstas? Os países que abrem as portas ao turismo estão chegando à mesma conclusão.

A “indústria do turismo pode beneficiar, e muito, a nossa sociedade em desenvolvimento”, comentou Pradhan, citado acima. Mas ele observou que, caso não sejam tomadas as medidas necessárias, “problemas sociais sem solução também podem surgir”. “[Nós] precisamos estar bem preparados, cientes dos vários impactos que o turismo atual pode causar.” Que problemas ele tinha em mente?

“A tradição e a cultura de países que recebem muitos turistas quase que inevitavelmente sofrem uma forte influência, não-intencional às vezes, que acaba afetando os costumes do país. Em alguns lugares a cultura do país não existe mais.” É assim que Cordell Thompson, um alto-funcionário do Ministério do Turismo das Bahamas, descreveu um dos efeitos colaterais do turismo. Não é que ele não aprecie todos os benefícios que o turismo trouxe para o seu país. Ele até os menciona com orgulho. Mas reconhece que viver em um país onde o número de visitantes sempre ultrapassa o dos nativos, ou representa a maioria da população, causa muitos outros efeitos não previstos.

Exemplo disso são os nativos que têm serviços relacionados com os turistas. Com o tempo, imaginam que o visitante nunca trabalha, está sempre de férias, o que não é verdade. Sem querer, acabam imitando esse estilo de vida imaginário. Outros nativos não são afetados assim. Mas pelo fato de passarem grande parte do tempo de lazer nos resorts, onde os visitantes se divertem, eles também mudam. Acabam deixando de lado os seus costumes, a tradição e a cultura do país, e adotando aos poucos o modo de vida dos turistas nos resorts. Mas com isso os centros comunitários da cultura nativa se desintegram e em alguns países até deixam de existir.

Muitos refúgios internacionais de turistas ficam entre duas forças opostas. Eles acolhem bem os rendimentos provenientes das hordas de turistas. Mas cambaleiam sob o peso dos problemas sociais gerados pelas indústrias criadas para satisfazer os turistas sexuais.

Nos bastidores de um resort

“Quando o hotel está lotado, com os 2.300 quartos ocupados, temos entre 7.500 e 8.000 hóspedes para satisfazer ao mesmo tempo”, disse Beverly. “Cuidar de todos os detalhes é uma tarefa imensa. Atender a todos os hóspedes requer organização semelhante à de quem governa uma pequena cidade, só que com mais desafios. Temos de ter alimentos a que estejam acostumados a comer em casa. Mas para tornar a estada deles inesquecível temos de oferecer também refeições com iguarias exóticas e opções inigualáveis de recreação. Em muitos resorts metade ou mais dos funcionários cuidam dos serviços relacionados com alimentação e bebidas.”

Mesmo assim, conforme I. K. Pradhan observou no seu ensaio “Impacto sociocultural do turismo no Nepal”, “entre todos os fatores que proporcionam genuíno prazer e diversão na viagem, o mais importante é o tratamento dispensado pelos nativos aos visitantes e a segurança que lhes é proporcionada”.

Como os resorts mais procurados no mundo conseguem elevar ao máximo a satisfação dos turistas nessas áreas? “Exige treinar, recompensar o bom desempenho, instruir e corrigir os funcionários — um empenho infindável para sempre garantir serviço de alta qualidade”, respondeu uma administradora que cuida do treinamento dos funcionários em um dos principais resorts nas Bahamas. “A maioria dos bahamenses é de boa índole. Mas não é fácil trabalhar sendo extrovertido, agradável e sorridente o tempo todo. É por isso que incutimos neles a necessidade de sempre encararem o serviço com profissionalismo assim como fazem médicos, advogados ou corretores de seguros. Nós nos atemos a padrões internacionais para todas as funções que envolvem o atendimento ao turista. Quanto mais trabalharmos em equipe para alcançar esses padrões, melhor e mais suave será o nosso nível de desempenho.”

As exigências atuais

No início, o turista internacional não era muito exigente. O fato de visitar um país estrangeiro era tão fantástico que não se exigia muita coisa — isso apesar das dificuldades de se viajar na época. Hoje, com a comunicação de massa é possível se conhecer lugares distantes vendo TV bem à vontade, sem sair de casa. Os resorts têm de se desdobrar para tornar a visita uma experiência inesquecível e ao mesmo tempo fornecer o conforto do lar ou muito mais. E como muitos turistas viajam com certa freqüência, a concorrência dos lugares turísticos no mundo é muito grande.

Em resultado dessa concorrência, vêm surgindo cada vez mais atrações turísticas e mais resorts extraordinários. Exemplo disso é um imenso hotel de luxo nas Bahamas. “A propriedade foi projetada para proporcionar férias inesquecíveis”, disse Beverly Saunders, diretora de desenvolvimento do hotel. “Mas nós não vamos parar por aí. O nosso alvo é que a interação do turista com os nativos também seja inesquecível.” Mas como os resorts atendem aos caprichos dos clientes?

Muitos países se abrem para o turismo

Na teoria, o turismo é um empreendimento que beneficia ambas as partes. O turista, o consumidor, foge da rotina, é bem servido, entretido ou instruído. Mas e o país visitado, o que ganha com isso? O turismo internacional põe moeda estrangeira nas mãos de países que, na sua maioria, dependem dessa moeda para importar mercadorias e serviços.

Na realidade, segundo um relatório da OMT, “o turismo internacional é a maior fonte de divisas do mundo e fator importante na balança comercial de muitos países. Em 1996, a receita do turismo internacional em moeda estrangeira foi de 423 bilhões de dólares, ultrapassando as exportações de petróleo e derivados, de veículos motorizados, de equipamentos de telecomunicações, de têxteis e de outros tipos de produtos e de serviços”. O mesmo relatório acrescentou ainda que “o turismo é a indústria que mais cresce no mundo”, representando “até 10% do PIB mundial”. Não é de admirar que os países em geral, inclusive alguns da ex-União Soviética, já tenham entrado, ou estejam ansiosos para entrar, na indústria do turismo internacional.

A receita pública acumulada proveniente do turismo está sendo usada para melhorar a infra-estrutura, elevar os padrões de educação e atender a outras necessidades nacionais prementes. Praticamente todos os governos querem aumentar a oferta de emprego para os cidadãos. E o turismo gera empregos.

Um bom exemplo do efeito que o turismo tem sobre a economia de um país são as Bahamas. É uma nação minúscula composta de ilhas que se estendem pela boca do golfo do México entre o Estado da Flórida, nos EUA, e Cuba. As Bahamas não dispõem de agricultura em escala comercial, nem de muita matéria-prima, quase nenhuma para ser exato. Mas o forte dessas ilhas é o clima quente, as praias tropicais de águas cristalinas, a população pequena (de uns 250 mil amigáveis habitantes) e o fato de se situarem próximas dos Estados Unidos. O conjunto de todos esses atrativos produziu a próspera indústria do turismo nas Bahamas. Mas o que é preciso oferecer para tornar as férias dos turistas agradáveis e seguras?

Turismo — Indústria global

Do redator de Despertai! nas Bahamas

LEMBRA-SE da última vez que disse a si mesmo: “Preciso tirar umas férias?” Com toda a certeza você não suportava mais as pressões e as cobranças do dia-a-dia e sentia necessidade de sair e recarregar as energias. Já viajou de férias para um lugar distante? Há pouco mais de um século, viajar a terras longínquas por puro prazer ou para fins educativos era prerrogativa de poucos — grupos seletos de aventureiros ou de endinheirados. A maioria das pessoas passava grande parte da vida em um raio de algumas centenas de quilômetros do lugar onde nasceu. Em compensação, hoje centenas de milhares têm possibilidades de viajar para todo lado, tanto no país de origem como pelo mundo afora. O que será que ocasionou essa mudança?

Após a Revolução Industrial, milhões de pessoas se puseram a fabricar mercadorias e a prestar serviços. Conseqüentemente, passaram a ganhar mais e a dispor de mais para gastar. Com o avanço da tecnologia foram projetadas máquinas que assumiram grande parte dos serviços que exigiam muita mão-de-obra. Assim, começou a sobrar mais tempo para o lazer. Sob essas circunstâncias, e com o surgimento, em meados do século 20, do transporte em massa a preços mais acessíveis, nada mais conteve as grandes enxurradas de turistas. Depois veio a indústria da comunicação de massa, possibilitando que em muitos países se recebesse dentro de casa transmissões por imagem de lugares distantes. Isso criou nas pessoas o desejo de viajar.

O resultado foi a explosão do turismo global. Segundo estimativas da Organização Mundial do Turismo (OMT), o número de turistas internacionais aumentaria de 613 milhões em 1997 para 1,6 bilhão até o ano 2020 — sem previsão de queda, na época. Essa movimentação acima do esperado veio acompanhada de um aumento correspondente do comércio, de novos resorts e de países que se abriram para o turismo.

Os benefícios de viajar

Nosso planeta é um lar encantador, exibindo constantemente suas maravilhas — pores-do-sol coloridos, céu cheio de estrelas brilhantes e uma variedade de vida animal e vegetal. Independentemente de onde vivamos, usufruímos essas e outras maravilhas de nosso lar terrestre. Como seria bom se tivéssemos a oportunidade de viajar e ver ainda outras maravilhas da Terra!

Embora se encantem com esses espetáculos, muitos turistas dizem que para eles o ponto alto das viagens é conhecer pessoas de culturas diferentes. Não é raro os turistas reconhecerem que tinham idéias negativas e equivocadas sobre outros povos. A viagem ajuda-os a entender pessoas de outras raças e culturas e a fazer amizades preciosas.

Muitos turistas aprendem a lição de que não são necessariamente os bens que tornam as pessoas felizes. O mais importante são os relacionamentos — rever amigos antigos ou fazer novos amigos. Uma passagem da Bíblia relata como o “humanitarismo” demonstrado pelo “povo de língua estrangeira” de Malta beneficiou os viajantes do primeiro século que eram náufragos ali. (Atos 28:1, 2) Visitar outros países e povos tem ajudado muitos atualmente a perceber que somos de fato uma família humana e que temos o potencial de viver juntos em paz na Terra.

Hoje, relativamente poucos podem viajar pela Terra. Mas o que dizer do futuro? Será que a maioria das pessoas, e por que não dizer todas, terão o privilégio de fazer tais viagens?

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Impacto social negativo

Ao visitar países em desenvolvimento, turistas ocidentais relativamente abastados podem causar outros efeitos negativos sutis — e às vezes não tão sutis — nas culturas locais. Por exemplo, para facilitar sua estadia, os turistas em geral trazem seus objetos de luxo, com os quais os residentes locais talvez jamais sonhassem. Estes passam então a desejar tais objetos caros, mas não podem pagar por eles sem grandes mudanças em seu estilo de vida — mudanças que podem envolver comportamentos sociais prejudiciais.

Prevendo problemas futuros, Mak observou que o aumento do turismo pode “levar à perda da identidade cultural e comunitária, criar conflitos em sociedades tradicionais quanto ao uso de terras e recursos naturais que pertencem à comunidade e aumentar as atividades anti-sociais, tais como crime e prostituição”.

Geralmente, os turistas sentem-se livres de restrições e, por isso, se envolvem em atividades em que não se envolveriam se estivessem em casa entre a família e os amigos. Em resultado disso, a imoralidade dos turistas tem se tornado um problema com sérias conseqüências. Indicando um exemplo bem-conhecido, Mak disse: “No mundo todo, a preocupação com os efeitos do turismo na prostituição infantil tem aumentado.” Em 2004, a agência de notícias CNN relatou: “‘Estimativas confiáveis revelam a existência de 16 mil a 20 mil’ crianças vítimas do sexo no México, ‘principalmente na região de fronteira, e em áreas urbanas e turísticas’.”

Problemas ambientais

O grande volume de turistas atualmente tem causado problemas. “Na Índia, o Taj Mahal sofre desgastes por causa dos visitantes”, escrevem os pesquisadores Lickorish e Jenkins, e acrescentam: “No Egito, as pirâmides também estão ameaçadas pelo grande número de visitantes.”

Além disso, esses autores avisam que o turismo descontrolado pode matar a vegetação das reservas naturais ou impedir seu desenvolvimento por causa dos muitos visitantes que pisam nela. Ainda mais, as espécies podem ser ameaçadas quando turistas coletam itens como conchas raras e corais ou quando os nativos os recolhem, para vender aos visitantes.

A poluição causada em média por um turista é de 1 quilo de detritos e lixo sólido por dia, de acordo com estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Mesmo os lugares mais remotos parecem ser afetados. Um relatório recente da Rainforest Action Network diz: “Nas rotas turísticas populares do Himalaia, lixo tem sido espalhado ao longo das trilhas e a floresta está sendo dizimada pelos turistas que procuram combustível para aquecer comida e água para tomar banho.”

Ademais, os turistas em geral consomem uma quantidade desproporcional de recursos às custas dos habitantes locais. Por exemplo, James Mak escreveu em seu livro Tourism and the Economy (O Turismo e a Economia): “Os turistas em Granada consomem sete vezes mais água do que os residentes.” Ele continua: “Direta e indiretamente, o turismo é responsável por 40% de toda a energia consumida no Havaí, apesar de, em média, apenas 1 em cada 8 pessoas ali ser turista.”

Embora os turistas gastem muito para visitar países em desenvolvimento, a maior parte desse dinheiro não beneficia a população local. O Banco Mundial estima que apenas 45% da renda levantada pelo turismo fique no país de origem — a maior parte do dinheiro volta às nações desenvolvidas por meio das operadoras de turismo e hotéis internacionais.

O futuro do turismo

“Em quase todos os países do mundo, há exemplos de lugares onde o desenvolvimento do turismo tem sido identificado como o principal responsável pela degradação ambiental.” — An Introduction to Tourism (Introdução ao Turismo) de Leonard J. Lickorish e Carson L. Jenkins.

ALÉM de ser uma ameaça para o meio ambiente, o crescimento do turismo também pode contribuir para outros problemas. Analisemos brevemente alguns deles. Após isso, consideraremos as possibilidades futuras de fazer turismo por todo nosso encantador planeta e conhecer suas maravilhas, principalmente seus simpáticos habitantes.